RESENHA | O Perfume da Folha de Chá - Dinah Jefferies

30 de novembro de 2018

"O Perfume da Folha de Chá" é um drama que poderia ser transformado em filme considerando a riqueza descritiva com a qual a história é narrada em terceira pessoa, repleta de sutilezas levando o leitor ao exótico cenário do Ceilão, lugar intrigante e convidativo que impacta pelo choque cultural descrito nos hábitos e na forma de pensar/agir dos habitantes.


Um homem atormentado por seu passado. Uma mulher diante da escolha mais terrível de sua vida.

Em 1925, a jovem Gwendolyn Hooper parte de navio da Escócia para se encontrar com seu marido, Laurence, no exótico Ceilão, do outro lado do mundo. Recém-casados e apaixonados, eles são a definição do casal aristocrático perfeito: a bela dama britânica e o proprietário de uma das fazendas de chás mais prósperas do império.

Mas ao chegar à mansão na paradisíaca propriedade Hooper, nada é como Gwendolyn imaginava: os funcionários parecem rancorosos e calados, e os vizinhos, traiçoeiros. Seu marido, apesar de afetuoso, demonstra guardar segredos sombrios do passado e recusa-se a conversar sobre certos assuntos.

Ao descobrir que está grávida, a jovem sente-se feliz pela primeira vez desde que chegou ao Ceilão. Mas, no dia de dar à luz, algo inesperado se revela. Agora, é ela quem se vê obrigada a manter em sigilo algo terrível, sob o preço de ver sua família desfeita.

Romance | 432 páginas | 2017 | Editora Paralela
Classificação: 3,5 / 5  


Uma história sobre expectativas e arrependimento, confiança e abandono, solidão e escolhas impossíveis de fazer; sobre uma jovem que se vê morando em um lugar totalmente desconhecido recém-casada com um homem que pouco conhece em uma casa com um passado cheio de segredos que ameaçam seu casamento, mantendo relação com pessoas que não sabe compreender e, tampouco, se pode confiar. Preconceito é um dos temas mais relevantes tratados nessa história que começa de forma sutil mas que, ao longo das páginas, vai se embrenhando à história  e à vida dos personagens cujos efeitos são devastadores.

Ao leitor que espera uma história doce e romântica alerto que esse livro não atenderá às suas expectativas, porque essa é uma história de dilacerar o coração, cuja intensidade é sentida por aqueles que se permitirem a leitura. Mesmo os leitores que não gostam de histórias tão descritivas ainda poderão desfrutar dessa leitura, porque a autora trabalha essa característica com muita fluidez combinado a uma quantidade razoável de diálogos.

Esse é, inegavelmente, um drama com uma grande carga de sofrimento marcado pelo preconceito e pelos segredos, cuja revelação ao final não tem nenhuma indicação da sua profundidade e deixa claro que as escolhas marcam a vida e conduzem o caminho que, muitas vezes, não tem volta; o arrependimento é tão vil que corrói os pensamentos, a alma e a pessoa que precisa reunir forças inimagináveis para se reerguer e seguir em frente.



Nesse livro os diálogos vêm entre aspas ("), é um pouco incômodo no início para quem está acostumado com o formato padrão de diálogos, mas assim que o leitor se adapta a leitura avança no mesmo ritmo que outros livros cujos diálogos não são nesse formato. Vale lembrar que não são tantos os diálogos que se encontra nessa obra, mas todos são muito bem trabalhados e dignos de referência.

Os personagens são maduros, de profundidade ímpar; Gwen merece destaque, enquanto Laurence deixou a desejar, pois não se mostrou um protagonista forte, mas com postura ambígua deixando o leitor no limbo. Alguns personagens secundários deveriam ter sido mais explorados, especialmente Savi Ravasinghe, Fran e a irmã de Laurence, que são maduros, mas desconhecidos aos leitor.

Ao final, essa história passa uma mensagem sobre as consequências das nossas escolhas e o impacto que o preconceito tem na vida enquanto destrói as pessoas, as relações, os sentimentos. Uma história para ser lida, apreciada e compreendida enquanto leva o leitor para conhecer um lugar exótico e se aprofunda nos sentimentos mais devastadores que podem ser sentidos.

PORQUÊ CLASSIFICAÇÃO 3,5

Considerando ser um livro riquíssimos em detalhes, tão descritivo, achei que a história focou tanto nesse aspecto enquanto que o desfecho da história deixou muitas perguntas sem respostas como se fosse um fechamento incompleto. Alguns personagens secundários foram pouquíssimo explorados, sendo desenvolvidos somente no contexto da história, deixando muitas informações à simples criatividade do leitor e sem haver uma explicação sobre as suas motivações e personalidades.

Espero que seja uma boa leitura para vocês também!

13 comentários

  1. Oi Adri!!

    Nossa, fiquei impactada do lado de cá ao ler a resenha. Quantos detalhes e quanta emoção envolvida em uma história. O preconceito infelizmente faz parte de nossas vidas, e acredito que lidar com ele em livros nos coloca pra refletir em que mundo vivemos, gosto de histórias que tem um tom melodramático e te faz questionar. Em algumas situações com tanta coisa dentro do enredo os autores acabam pecando um pouco. Mas a minha vontade de ler se fez verdadeira, vou adicionar em minha lista e vou correndo procurar esse livro! Ótima resenha!!!
    Bem vinda de volta!!

    Beijos
    Naty!!!

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    1. Oi Naty, tudo bem? Obrigada! = )
      Com certeza esse livro é repleto de emoção. Em um determinado momento é muito fácil julgar os personagens, mas se permitir conhecer a história dele, a época e todos os fatores que envolviam a vida deles é impossível não se solidarizar pelo que passam. É uma história delicada, mas acredito que irá gostar da leitura! Beijos, Adri

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  2. Oi, Adri!
    Primeiramente, seu blog está incrível! Adorei as escolhas das cores, sua cara. A Flávia faz um trabalho lindo!

    Eu nunca senti interesse em ler essa história justamente porque imaginei que ela fosse muito cheia de detalhes, e Asiáticos podres de ricos é exatamente assim, o que cansa a narrativa. É uma pena que a leitura não tenha sido tão excitante como parecia.
    Beijo!
    http://www.capitulotreze.com.br/

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    1. Oi Mi! Obrigada, realmente o trabalho da Flávia é maravilhoso e estou muito feliz com o resultado! Sobre o livro, eu não cansei tanto nessa narrativa, pelo contrário, fiquei deslumbrada com a fluidez da autora em trabalhar a parte mais descritiva dos cenários, ambientes, etc! Não tive a oportunidade de ler "Asiáticos Podre de Ricos" (que aliás não me interessa muito), mas acredito que sejam bem diferentes pelo que pude ver em resenhas que li sobre o livro. Espero que um dia dê uma chance para um livro da Dinah, ela escreve maravilhosamente bem. Beijos, Adri.

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  3. Oi Adri, que resenha maravilhosa! Eu não li esse livro, mas quem leu no blog amou demais. Me parece ser uma história muito bem trabalhada nos personagens e na cultura!! Que bom que vc gostou!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Oi! Obrigada, Mi! Isso mesmo, a autora detalhou e trabalhou muito a cultura e os personagens, essa é uma marca dela pelo que pude notar na leitura desse livro e do anterior. Com certeza uma experiência literária enriquecedora. Beijos, Adri

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  4. Oi ^^
    As vezes o autor coloca tantos detalhes que acaba ficando incomodo. A premissa do livro até me agradou, mas não sei se leria no momento sabe?
    http://www.seguindoocoelhobrancoo.com.br/

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    1. Oi Alice, tudo bem? Sim, concordo contigo, quando os detalhes são maiores que a história em si, realmente podem ser muito incômodos, mas nesse livro a autora trabalhou a parte descritiva muito bem e não passou essa impressão, só enriqueceu a obra. Espero que dê uma chance à leitura em algum outro momento. Beijos, Adri

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    2. Oi Alice, tudo bem? Com certeza muitos detalhes que se sobrepõem à história são incômodos mesmo, mas nesse livro a autora trabalhou isso de forma muito bem entremeando com os aspectos centrais da história não causou incômodo, mas um enriquecimento da obra. Beijos, Adri

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  5. Oie, tudo bem?
    Eu comecei a ler esse livro, mas acabei parando. Pretendo voltar a ler em breve
    Blog Entrelinhas

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    1. Oi Felipe, tudo bem e contigo? Ah, que pena que parou... te digo que realmente vale a leitura até o final, é muito bom! Espero que retome. Beijos, Adri

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  6. Oi, Adri. Tudo joia? Eu jurava que esse livro tinha uma continuação por isso estou enrolando para comprar, no entanto desde o início eu fiquei atraída pela história, pelo lugar onde a história ocorre e por essa riqueza de detalhes que é algo que eu amo. Confesso que fiquei um pouco assustada com a rota de sentimentos dilaceradores aliado ao preconceito que o livro aborda, pois fico mal com essas coisas com muita facilidade. Bem, espero ler futuramente...

    Beijos da Yana,
    Marshmallow Com Café

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    1. Oi Yana, tudo bem e tu? Essa narrativa tão descritiva é um diferencial maravilhoso da autora, não vejo a hora de ler outra obra dela, espero que alguma editora publique, pois já vi que tem um nesse estilo publicado fora do país. Enfim, sobre a história, espero que goste, realmente é uma leitura muito boa que proporciona uma experiência literária muito singular... mexe com sentimentos profundos. Pois é, tu não é a primeira pessoa que comenta achar que teria continuação, mas não.. é livro único mesmo! Espero que goste. Beijos, Adri

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